UNIDADE II - DILATAÇÃO TÉRMICA
2.1-Conceito:
Como já sabemos, se aumentarmos a temperatura de
um corpo, aumentamos a agitação das partículas desse corpo. Consequentemente,
as partículas se afastam umas das outras, provocando um aumento das dimensões
(comprimento, área e volume) do corpo
A esse
aumento das dimensões do corpo dá-se o nome de Dilatação térmica.
Se a temperatura diminuir e as dimensões se
reduzirem, dizemos que houve uma Contração
Térmica.
Embora o
aumento ocorra em todas as dimensões do corpo simultaneamente costuma-se
dividir o estudo da dilatação térmica em três partes:
· Dilatação Linear: aquela que predomina o aumento em uma dimensão (comprimento).
Ex.:
dilatação em fios, cabos e barras
·
Dilatação Superficial: aquela que predomina o
aumento em duas dimensões (área).
Ex.:
aumento em chapas e placas.
·
Dilatação volumétrica: é a dilatação em que se
considera o aumento em três dimensões.
Ex.:
aumento de volume de um corpo.
Os corpos
sólidos admitem os três tipos de dilatação, mas os líquidos e gases, por não
terem forma própria, só admitem a dilatação volumétrica.
2.2-Dilatação Linear
Considere uma
barra metálica de comprimento inicial Lo,
à temperatura inicial To, ao
aquecermos a barra até a temperatura T
, seu comprimento aumentará para L.
DT = Tf - Ti: variação de temperatura
DL = Lf - Li: variação de comprimento
Experimentalmente, verificou-se que a variação
do comprimento DL depende:
· 1º da variação de temperatura DT:
a variação do comprimento é diretamente proporcional a variação da temperatura.
DL a DT
·
2º do comprimento inicial Li:
a variação do comprimento é diretamente proporcional ao comprimento inicial.
DL a Li
Utilizando-se
barras de mesmo material, verificamos que a variação de comprimento depende
somente destes dois fatores. Será portanto proporcional ao produto deles.
DL a Li. DT DL = a. Li. DT
A constante
de proporcionalidade que aparece na equação, é uma característica do material
da barra e é chamada coeficiente de
dilatação linear. Há pois, um outro
fator que influi na dilatação linear de uma barra.
·
3º a variação de comprimento DL depende também do material de que é feita a barra (a ). O valor de a é uma característica de cada material mas
não é rigorosamente constante com a temperatura. Costuma-se usar um valor médio
de a entre as temperaturas usuais.
Unidades
de a : A unidade a é o inverso da unidade de
temperatura.
1/ ºC ou
ºC-1
1/ ºF ou
ºF-1
1/ K ou
K-1
Significado físico de a:
O coeficiente de dilatação
linear representa a variação de comprimento unitário quando a temperatura varia
de uma unidade.
Considere
por exemplo, o coeficiente de dilatação linear do ferro que é 1,2 .10 ºC -1 , este número significa
que, se tomarmos uma barra de ferro com um metro de comprimento e elevarmos sua
temperatura em 1ºC, seu comprimento será 1,000012m.
Tabela de
coeficientes de dilatação linear (a) de algumas
substâncias:
Substância
|
Coeficiente ºC-1
|
Substancia
|
Coeficiente ºC-1
|
Alumínio
|
24.10-6
|
Latão
|
18.10-6
|
Cobre
|
17.10-6
|
Níquel
|
13.10-6
|
Chumbo
|
29.10-6
|
Zinco
|
27.10-6
|
Aço
|
12.10-6
|
Platina
|
9.10-6
|
Ferro
|
12.10-6
|
Ouro
|
14.10-6
|
Prata
|
19.10-6
|
Vidro Comum
|
9.10-6
|
Mercúrio
|
41.10-6
|
Vidro Pirex
|
3.10-6
|
Nota: Lembrando que DL = Lf- Li ,podemos também escrever
Lf - Li = a Li . DT, isolando
L, temos:
Lf = Li + a.Li. DT , colocando Li, em evidência, obtem-se:
Lf = Li( 1 + a. DT )
Lf = Li [ 1 + a( Tf- Ti )]
Lembre
que: Ti - temperatura inicial
Tf - temperatura final
DT - variação
de temperatura
DT = Tf - Ti
Li - comprimento inicial
Lf - comprimento final
DL -
variação de comprimento
Exemplos:
1º)
Uma viga de concreto (a = 12.10-6 ºC -1) tem 100m de comprimento a 20ºC. Que
comprimento terá a viga a 30ºC?
Exercícios de aplicação:
1)Qual
será a dilatação sofrida por uma barra de ouro ( a = 15.10-6 ºC-1 ) inicialmente de
comprimento 40 cm
, quando a temperatura passa de 15ºC
para 35ºC ?
2)Um sarrafo de madeira (a = 5.10-6 ºC-1 ) tem comprimento de 10m a 20ºC. Que comprimento terá a 70ºC.
3)Uma
ponte de aço tem 1000m de comprimento. O coeficiente de dilatação linear do aço
é de 11.10 -6 ºC -1
. A expansão da ponte, quando a temperatura sobe de 0ºC para 30ºC, é de:
a)33cm b)37cm c) 41cm d) 52cm e) 99cm
4)Duas
barras metálicas são aquecidas sofrendo a mesma variação de temperatura. Qual
delas apresentará a maior dilatação linear considerando que:
a)tenham
o mesmo comprimento inicial.
b)sejam
feitas do mesmo material.
c)sejam
de materiais diferentes e tenham comprimentos iniciais diferentes.
5)Por
que se costuma deixar um espaçamento entre dois trilhos; consecutivos de uma
ferrovia?
6)O
que significa fisicamente dizer que o coeficiente de dilatação linear de certo
material vale 17.10 -6 ºC-1 ?
7)A
10ºC, uma régua de aço mede 15cm. Qual será seu comprimento na temperatura de
80ºC?
8)O
comprimento de um fio de alumínio é de 30m a 20ºC. Sabendo-se que o fio é
aquecido até 60ºC e que o coeficiente de dilatação linear do alumínio é de 24.
10- 6 ºC-1, determine:
a)
a dilatação do fio;
b)o
comprimento final do fio.
9)O
comprimento inicial de uma barra de alumínio é de 100 cm . Quando sofre
variação de 20ºC e sua dilatação é de 0,048 cm. Determinar o coeficiente de dilatação
linear do alumínio.
10)Um
trilho de aço tem 10m de comprimento a – 10ºC. supondo que a temperatura suba
para 40ºC e que o coeficiente de dilatação do aço seja exatamente 12 . 10-
6 ºC-1, determine:
a)o
acréscimo de comprimento do trilho;
b)o
comprimento final do trilho.
2.3-DILATAÇÃO SUPERFICIAL
Consideremos uma chapa que apresenta uma superfície
inicial So a uma temperatura inicial
Ti. Ao aquecermos a chapa até uma
temperatura final Tf, sua superfície
aumenta para Sf
onde:
Si - superfície inicial
Sf- superfície final DT - variação
de temperatura
Ti - temperatura inicial Tf- temperatura
final DS - variação de superfície
DT = Tf - Ti DS = Sf - Si
Verifica-se
experimentalmente que a variação da superfície é diretamente proporcional à
superfície inicial e à variação da temperatura. Portanto:
DS = b. Si. DT
A constante
de proporcionalidade b, característica do material da chapa, é chamada de coeficiente de dilatação superficial.
b = 2. a
Significado físico de b : O coeficiente de dilatação
superficial b representa a variação de uma
superfície unitária quando a temperatura varia de uma unidade.
NOTA:
Lembrando que D S = Sf - Si, podemos também escrever:
Sf -Si = b . Si . DT, isolando
Sf temos:
Sf = Soi+ b.Si.DT,
colocando Si em evidencia, obtem-se
Sf = Si( 1+ b.DT ) mas DT = Tf - Ti
Sf
= Si [ 1 +b.( Tf - Ti) ]
EXEMPLO:
Uma placa de ferro apresenta, a 10ºC, uma
área de 100cm². Calcule a área da placa
a 90ºC . Dado :aFe = 1,2.10-6 ºC. -1
11)Uma
placa metálica tem área de 500cm² a 30ºC. Qual será a área da placa a 50ºC?
Dado: a = 2.10- 6
ºC-1
12)Aquecendo-se
uma chapa metálica com um furo no meio
a)a
chapa aumenta e o furo diminui
b)a
chapa e o furo diminuem
c)a
chapa diminui e o furo aumenta
d)a
chapa e o furo aumentam
13)Uma
chapa de aço tem área de 36 m²
a 30ºC. Calcule sua área a 50ºC, sabendo que o coeficiente de dilatação
superficial do aço é 22 . 10- 6 ºC-1 .
14)
Determine a temperatura na qual uma chapa de cobre de área 10 m² a 20ºC assume o valor
de 10,0056 m².
Considere o coeficiente de dilatação superficial do cobre igual a 34. 10- 6 ºC-1
15)Uma
chapa apresenta a 0ºC, 2 m²
de área. Ao ser aquecida a 50ºC, sua
área aumenta 10 cm² . Determine o coeficiente de dilatação
superficial e linear do material de que é feita a chapa.
16)
Uma placa de ferro apresenta, a 90ºC, uma área de 100,192 cm² . Calcule a área
da placa a 10ºC
2.4 - DILATAÇÃO VOLUMÉTRICA
Da mesma forma que na dilatação linear e
superficial, na dilatação volumétrica a variação de volume é diretamente
proporcional ao volume inicial (Vi)
e à variação de temperatura.
DT = Tf - Ti
DV = Vf - Vi DV = g.Vi. DT
A constante de proporcionalidade g, é
a característica do material de que é feito o corpo, chama-se coeficiente de dilatação volumétrica. g = 3. a
Significado físico de g: o coeficiente de dilatação
volumétrica representa a variação de volume de uma unidade de volume, quando a
temperatura varia de uma unidade.
EXEMPLO:
Um tubo de vidro tem volume de 500cm3 a 20ºC.
Determine o volume interno desse tubo quando a temperatura atingir 60ºC. Dado a vidro= 3.10 -6 ºC-1 .
Exercícios de aplicação:
17)
Um cubo metálico tem volume 20
cm 3à temperatura de 15ºC. Determine o seu
volume à temperatura de 25ºC, sendo o coeficiente de dilatação linear do metal
igual 0,000022ºC-1
18)Qual
será a dilatação volumétrica sofrida por uma esfera metálica de alumínio de volume igual a 150 cm 3cuja
temperatura aumenta de 100ºC? Dado a = 22.10-6 ºC-1
19)Uma
esfera de aço tem um volume de 100cm3 a 0ºC. sabendo que o
coeficiente de dilatação linear do aço é de 12.10-6 ºC -1, o acréscimo de volume
sofrido por essa esfera, quando aquecida a 500ºC, em cm é de:
a)0,6
b)1,2 c)1,8 d)3,6 e)5,0
20)
Um caminhão tanque com capacidade para 10 000 litros está
cheio de gasolina quando a temperatura é de 30ºC. Qual a redução de volume
sofrida pelo líquido ao ser descarregado numa ocasião em que a temperatura é de
10ºC? O coeficiente de dilatação volumétrica da gasolina é g = 9,6 . 10 -4 ºC-1.
5-DILATAÇÃO
DOS LIQUIDOS
Como os
líquidos não apresentam forma própria, só tem significado o estudo de sua
dilatação volumétrica.
Ao se
estudar a dilatação dos líquidos, tem de se levar em conta a dilatação do
recipiente sólido que o contém.
De uma
maneira geral, os líquidos dilatam-se mais que os sólidos ao serem igualmente
aquecidos.
O líquido
irá, ao dilatar-se juntamente com o recipiente, ocupar parte da dilatação
sofrida pelo recipiente, além de mostrar dilatação própria, chamada dilatação aparente.
A dilatação
real do liquido é obtida pela soma da dilatação aparente apresentada
diretamente pelo líquido mais a dilatação volumétrica sofrida pelo recipiente
DV real = DVap +DV recip.
Mas: DVreal = greal.Vi.DT
DVap = gap. Vi . DT
DV recip.= grecip. Vi.DT
Relação entre os coeficientes de dilatação real e
aparente do líquido
greal = gap + grecip
6- DILATAÇÃO ANÔMALA DA ÁGUA
As substâncias em geral, solidas ou liquidas, sofrem
dilatação com o aumento da temperatura e naturalmente, sofrem contração com sua
diminuição. Porém, existem exceções a essa regra. Algumas substâncias, em
certas faixas de temperatura, diminuem o volume ao serem aquecidas.
Dentre essas exceções destaca-se a água, que, ao ser
aquecida de 0º a 4ºC, sofre diminuição em seu volume. É devido a esse fenômeno
que as camadas mais profundas dos lagos
e mares podem estar a 4ºC e não se congelar como ocorre com suas superfícies.
Na superfície dos lagos a água esfria primeiro, diminuindo de volume. Com isso
torna-se mais densa, indo para o fundo. A água do fundo, mais quente, está
menos densa e sobe à superfície, onde é resfriada. Quando toda a água está a
4ºC, cessa a circulação. Se a temperatura da superfície cai abaixo de 4ºc, a
água vai tornar-se menos densa; permanecerá, então, na superfície, podendo
solidificar-se e formar camadas de gelo a 0ºC.
Se a água
não apresentasse esta irregularidade na dilatação, os rios e lagos se
congelariam totalmente, causando estragos às plantas e animais aquáticos.
EXEMPLO:
Um
recipiente contém 200 cm
3 de mercúrio a 10ºC. Sabendo-se que os coeficientes de dilatação volumétrica
do vidro e do mercúrio são respectivamente 0,00003 ºC –1 e 0,00018
ºC –1 , determine a dilatação
real e a dilatação aparente do mercúrio, quando a temperatura for 120ºC
Exercícios de aplicação:
21)Um
frasco de vidro, cujo volume é 300
cm 3
a 10ºC, está completamente cheio de um certo líquido.
Quando se aquece o conjunto a uma temperatura de 140ºC, transbordam 2 cm
3 do liquido. Sendo o coeficiente de dilatação volumétrica do frasco
igual a 0,00027 ºC –1, determine:
a) o coeficiente de dilatação
volumétrica aparente do líquido,
b) o coeficiente de dilatação
volumétrica real do líquido.
22)Um
recipiente de vidro contém 400
cm 3 de mercúrio a 20ºC. Determine a
dilatação aparente do mercúrio, quando a temperatura for 90ºC. Dados:gHg = 0,00018ºC –1 e gvidro=0,00003 ºC –1
23)O que se entende por dilatação aparente de um líquido?
24)Um frasco, completamente cheio de um líquido, é
aquecido e transborda. O volume de líquido que transborda mede:
( )a dilatação real do líquido
( )a dilatação aparente do líquido
( )a dilatação do frasco
25)Nos
países de inverno rigoroso, verifica-se o congelamento apenas da superfície dos lagos e rios. A água
não se congela completamente porque:
a)o máximo de densidade da água se verifica perto de 4ºC
e o gelo, razoável isolante térmico, é menos denso que a água.
b)o ar se resfria antes da água, congelando-se primeiro a
superfície dos líquidos em contato com o referido ar e, daí, propagando-se o
congelamento em profundidade.
c)a
água em movimento dificilmente se congela
d)a
água se comporta como a maioria dos líquidos em relação ás variações de
temperatura
e)n.d.a